RENOVAR E CRESCER

2010
"Tudo vale a pena se a alma não é pequena".
Fernando Pessoa

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

DESCOBRINDO TALENTOS COM A CRISE


ATIRANDO VACAS NO PRECIPÍCIO
Um mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sitio de aparência pobre e resolveu fazer-lhe uma breve visita. Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também, com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio, constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores – um casal e três filhos – vestidos com roupas rasgadas e sujas. Então aproximou-se do senhor, aparentemente o pai daquela família, e perguntou-lhe:
- Neste lugar não há sinais de ponto de comercio e de trabalho; como o senhor e sua família sobrevivem aqui?

O senhor, calmamente, respondeu:
- Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte produzimos queijo, coalhada, etc., para o nosso consumo, e assim vamos sobrevivendo.

O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou-lhe:
- Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e jogue-a lá embaixo.

O jovem arregalou os olhos espantados e questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família; mas, como percebeu o silencio do mestre, cumpriu a ordem: empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer. Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos. Um belo dia, ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar aquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajudá-los. Assim fez, mas quando se aproximava do local avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado, imaginando que aquela família teve que vender o sítio para sobreviver. “Apertou” o passo e, chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático, a quem perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos.

O caseiro respondeu-lhe:
- Continuam morando aqui.

Espantado, ele entrou correndo casa adentro e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
- Como o senhor melhorou este sítio e esta muito bem de vida?

O senhor, entusiasmado, respondeu:
- Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante, tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos e, assim, alcançamos o sucesso que seus olhos deslumbram agora.

Embora a palavra crise assuste, mas, é ela a responsável por parte de grandes descobertas e avanços tecnológicos. Ela nos obriga a agir, a recorrer a novos métodos de sobrevivência. Nos obriga a sermos criativos. Ela nos força a desencavarmos nossos talentos enterrados.

Parece um paradoxo, mas muitas pessoas só crescem quando são obrigadas a sair do comodismo diário para enfrentar o novo.Tenho tido a oportunidade de ver pessoas adoecerem por extrema pressão no trabalho, mas não abrem mão dele por medo da escassez, medo de não encontrarem outro emprego, por não quererem abrir mão de alguns benefícios, mas não se dão conta da pobreza interna que os consomem, não se dão conta do quanto estão adoecendo, enquanto enriquecem os que tem necessidade de mais, as custas da saúde e vida deles, os trabalhadores.

A mídia nos inunda com notícias e reportagem de crises, violências, e todo tipo de desgraça. Somos ávidos por desgraças, e as emissoras divulgam o que pedimos, o que dá ibope. Não nos damos conta que estas mensagens geram em nós uma crença de impotência e desesperança e passamos a acreditar que isso é a realidade. Não nos damos conta que estamos contaminando nossas mentes, nossos cérebros com pensamentos negativos e atitudes limitantes.Não nos damos conta que cultivamos a doença, cultivamos a depressão que é o símbolo da impotência. Inclusive já esta sendo comprovado, em pesquisas científicas, que nosso pensamento gera alterações neurofisiológicas em nosso cérebro de forma a gerar doenças ou cura.

Não vamos ficar esperando que alguém venha jogar nossa vaquinha no precipício, porque não fazermos isto nós mesmos? Porque não nos deixemos permitir que nossos talentos até então enterrados brotem como uma árvore que dá frutos e que possamos então nos alimentar e também a outros como nossas experiências?

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